Introdução
O número crescente de pessoas com hipertensão é um grande negócio para a indústria farmacêutica, que vendeu mais de 150 milhões de medicamentos para pressão alta em um ano. Como escapar desse esquema?
A farra da indústria farmacêutica
A palavra “losartana” tem significados distintos para diferentes pessoas. Para alguns, representa uma solução contra pressão alta. Já para a indústria farmacêutica, significa lucro elevado.
A losartana potássica, princípio ativo do medicamento para pressão alta mais prescrito no Brasil, ocupa o segundo lugar no ranking de substâncias mais vendidas e com maiores faturamentos em 2019, com entre 150 milhões e 250 milhões de unidades comercializadas.
Ela perde apenas para o cloreto de sódio, usado como veículo para medicamentos injetáveis e para limpeza de ferimentos. Estes dados são da 5ª edição do Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico, referente ao ano de 2019.
A indústria farmacêutica faturou R$ 85,9 bilhões em 2019, um crescimento de 33,3% em relação ao ano anterior, enquanto o volume de embalagens comercializadas cresceu 34,5%. No total, foram 5,3 bilhões de embalagens de medicamentos comercializadas, uma média de aproximadamente 25 embalagens por pessoa, considerando a população de 211 milhões de brasileiros.
Os dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram um aumento no número de indivíduos com hipertensão entre 2013 e 2019. A quantidade de hipertensos no Brasil saltou de 31,3 milhões para 38,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais.
A procura no Google pelo termo “como tomar losartana de 50” aumentou significativamente nos últimos 12 meses, assim como outras pesquisas relacionadas. O termo “remédio para pressão alta” teve um aumento de 700% nas buscas.
A losartana não é a única fonte de riqueza da indústria farmacêutica. Outros medicamentos indicados para hipertensão, como hidroclorotiazida, atenolol e maleato de enalapril, também são amplamente vendidos, somando entre 75 milhões e 250 milhões de unidades comercializadas.
Perigos dos remédios para pressão alta
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já interviu na comercialização de alguns desses medicamentos para pressão alta. Em maio de 2019, houve um recolhimento de 200 lotes de medicamentos por todo o Brasil, devido à presença de impurezas chamadas nitrosaminas, que podem estar associadas ao risco de câncer.
Esses medicamentos têm o propósito de controlar a pressão arterial, mas podem afetar o transporte de energia celular, as conexões cerebrais e a regeneração muscular, essenciais para a prevenção de um infarto. Efeitos colaterais incluem tonturas, cansaço excessivo, vertigens, hipercalemia e até doenças cardíacas.
Efeitos colaterais e riscos dos medicamentos
Um estudo publicado no American Journal of Hypertension avaliou os efeitos colaterais da losartana em 314 pacientes com pressão alta. Eles foram tratados por 12 semanas com 50mg do medicamento por dia. Após seis semanas, a pressão arterial diastólica não normalizou e a presença de cefaleia foi observada nos pacientes. Outros participantes relataram tonturas, principalmente antes das refeições.
Segundo dados da Drugs.com, uma enciclopédia farmacêutica norte-americana, os efeitos colaterais da losartana também incluem angioedema (inchaço nas camadas mais profundas da pele) e possíveis complicações hepáticas e para mulheres em idade fértil. Se uma mulher engravidar durante o tratamento com losartana, o uso do medicamento deve ser interrompido imediatamente, pois pode causar lesões ou morte ao feto em desenvolvimento.
Além disso, a hipertensão pode ser um fator de risco para outras condições de saúde, como doenças renais e problemas oculares, que também podem ser agravados pelo uso prolongado de medicamentos para pressão alta.
Alternativas naturais para controlar a pressão alta
Na contramão dos riscos associados aos medicamentos, suplementos e fitoterápicos têm sido foco de estudos científicos com resultados promissores.
Coenzima Q10: Essencial para o correto funcionamento do músculo cardíaco, a coenzima Q10 previne doenças coronarianas e é importante para quem já sofreu um infarto. A suplementação de 120mg de coenzima ao dia por 8 semanas pode reduzir a pressão arterial diastólica e sistólica em pacientes com hipertensão e doença arterial coronariana.
Fitoterápicos: A cavalinha e o alho são armas poderosas para controlar a pressão alta sem remédios. Eles atuam na redução da pressão arterial e na melhoria da saúde cardiovascular.
Ômega 3: Considerado um suplemento primordial para tratar, prevenir e até reverter doenças, o ômega 3 é recomendado pela American Heart Association. A ingestão de alimentos ricos em ácidos graxos reduz os níveis de triglicerídeos, o risco de arritmias cardíacas e de morte súbita. Inclua peixes ricos em ômega 3 na sua alimentação três vezes por semana.
Mudanças no estilo de vida
Além de suplementos e fitoterápicos, mudanças no estilo de vida são fundamentais para o controle da hipertensão. Adotar uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, pode ajudar a manter a pressão arterial em níveis saudáveis.
Atividade física regular: A prática de exercícios físicos regularmente, como caminhada, corrida, natação ou ciclismo, ajuda a fortalecer o coração e reduzir a pressão arterial. A recomendação é de pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana.
Redução do consumo de sal: Diminuir a ingestão de sal na dieta é crucial para controlar a pressão arterial. O consumo excessivo de sódio está associado ao aumento da pressão arterial e ao risco de doenças cardiovasculares.
Controle do estresse: Técnicas de relaxamento, como meditação, yoga e respiração profunda, podem ajudar a reduzir os níveis de estresse e, consequentemente, a pressão arterial. O estresse crônico é um fator de risco significativo para a hipertensão.
Manutenção de um peso saudável: O excesso de peso é um dos principais fatores de risco para a hipertensão. Perder peso de forma saudável, através de dieta e exercício, pode contribuir significativamente para a redução da pressão arterial.
Considerações Finais
A indústria farmacêutica se beneficia amplamente do aumento no número de pessoas com hipertensão, vendendo grandes quantidades de medicamentos que podem ter sérios efeitos colaterais. Embora esses remédios sejam essenciais para muitos, é crucial considerar alternativas naturais e suplementos que possam ajudar a controlar a pressão arterial de forma mais segura. A conscientização sobre os riscos associados aos medicamentos para pressão alta é fundamental para tomar decisões informadas sobre a saúde.